Terceiro, e diferente de sua geração, não importa qual seja ela, seu filho tem acesso a múltiplas formas de informação, visualização e jeitos de praticar sexo – decente, indecente ou mesmo criminoso, veja o caso da pedofilia – que você, nem em sonho, conseguirá controlar. A internet é que deve ser o seu tormento diário: e não só a rede de sua casa, mas a do celular do vizinho ou a de um café com Wi-Fi aberto. Imagine agora que mundo perigoso para a sua filha que não aprendeu, onde deveria aprender de maneira civilizada, honesta e aberta, sobre como se proteger da investida de um tarado pedófilo pela internet. Ela não aprendeu, porque você a proibiu de falar de sexo e persegue as escolas que reconhecem como dever a educação sexual.
Por isso, se acalme. Seu filho não será um pervertido porque aprendeu como se proteger de uma gravidez não planejada, porque aprendeu que há riscos no sexo sem camisinha, ou porque soube que há múltiplas formas de prazer. A fantasia do dedo é só uma das formas que sua filha aprenderá sozinha ou com outras meninas sobre como explorar o corpo, mas não será esse o conteúdo da educação sexual nas escolas.
Mas é um jeito de começar a afastar a sexualidade do pecado e colocá-la na vida comum, sem medos ou segredos. Se quer mesmo fiscalizar o que seu filho aprende, faça mais do que fantasiar caixas e buracos: compareça às reuniões da escola e conheça o conteúdo das matérias (fique atento à física; meu conselho: ali há muito conteúdo subversivo sobre a origem do mundo e sobre sermos filhos dos macacos).
E se você é uma das pessoas contrárias ao aborto, porque o que não faltam são formas de se prevenir uma gravidez, pensa então ainda mais uma vez. É nessas aulas que sua filha e outas meninas podem entender o que é a gravidez, como acontece e como prevenir. Participe da escola como um espaço de promoção da cidadania.