A verdade é que não sabemos; estamos como em um estágio intermediário de um rito de passagem — não mais como antes, mas ainda distantes do que surgirá depois dessas semanas de estranha suspensão do que conhecíamos como normalidade da vida.
Não quero me portar como os homens sabidos que sobem aos palanques e fazem projeções sobre a política ou o mercado financeiro, como se o acaso pudesse ser controlado. Acertam algumas vezes, mas erram muito. Há sempre o risco de um “cisne negro” atravessar a realidade que só conhecia “cisnes brancos”, para seguir a alegoria de Nassim Taleb sobre a fragilidade das análises sobre o funcionamento do mercado financeiro.
A pandemia de Covid-19 é como um “cisne negro” em um universo em que se conheciam apenas “cisnes brancos”: não estava prevista e poucos são os recursos prévios que dispomos para controlar os efeitos da crise econômica e de saúde pública na vida das pessoas comuns.