por Marília Marques
Publicado originalmente no G1
professora da faculdade de direito da Universidade de Brasília (UnB) Débora Diniz, de 48 anos, abriu um pedido para que a Polícia Civil investigue os autores envolvidos em uma série de ameaças publicadas contra ela nas redes sociais. A denúncia foi registrada na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam).
A pesquisadora já foi considerada pela revista norte-americana “Foreign Policy” um dos 100 pensadores globais de 2016, pelo trabalho sobre as grávidas que contraíram o zika vírus. Atualmente, ela também é reconhecida por estar à frente do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis).
Ao G1, nesta sexta-feira (6), ela disse que recebe diariamente, desde abril, xingamentos, acusações e vídeos que dizem “formas como ela tem que morrer”. A referência, segundo Débora, é ao fato de ela ter sido uma das responsáveis por propor ao Supremo Tribunal Federal (STF) a descriminalização do aborto no país. O caso será analisado pela Corte em agosto.
“À medida que as pessoas souberam da minha atuação à frente da Anis, começaram a ultrapassar a fronteira da razoabilidade”, conta. “Aquilo que deveria ser um debate civilizado passou a ser uma onda de ameaças enviadas à página institucional.”
Entre as postagens publicadas na internet, algumas chamam a professora da UnB de “monstro” e “assassina”. Outras, mais graves, incitam diretamente violência física e morte.
Até o fim da noite desta sexta (6), a publicação tinha mais de 800 compartilhamentos. Nos comentários, alguns usuários chamaram a professora de “lixo” e “vagabunda”.
A reportagem entrou em contato com a administração da página, mas, até a publicação desta reportagem, não tinha recebido respostas.
Em defesa da professora de direito, a Universidade de Brasília divulgou uma carta de apoio assinada pela reitora Márcia Abrahão. No texto, a diretora da instituição diz que episódios como esses “atentam contra direitos humanos e liberdades fundamentais”.
O comunicado destacou a admiração da reitora pela trajetória de Débora como “docente e ativista da defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”.
“Não é absolutamente admissível que se faça oposição à sua atuação ou proposições em termos difamatórios ou ameaçadores”, disse o texto.