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Pesquisadora diz ter recebido ameaças de morte após STF convocar debate sobre aborto

17 de julho, 2018

Rosa Weber chamou 45 expositores para discutir descriminalização da prática

por Pedro Henrique Gomes

Publicado originalmente no O Globo

Defensora da descriminalização do abordo, a professora de Direito da Universidade de Brasília (UnB) Debora Diniz disse nesta terça-feira que começou a receber ameaças, via internet, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter começado a convocar líderes de entidades para a audiência pública que vai discutir o tema.

As sessões serão realizadas nos dias 3 e 6 de agosto. Cada liderança terá 20 minutos para argumentar contra ou a favor à proposta. Debora foi consultora do PSOL na elaboração da ação que pede ao Supremo a descriminalização do aborto até 12ª semana de gestação.

A audiência pública foi convocada em março deste ano. É a partir daí que os ataques começam e passaram a ter maior intensidade e agressividade disse Debora.

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Debora chegou a receber até ameaças de morte na web por causa das suas posições. Ela é fundadora do Anis – Instituto de Bioética, organização não-governamental que realiza pesquisa e acompanha políticas públicas no campo de direitos sexuais, reprodutivos, saúde mental, entre outros.

Após os ataques, ela registrou boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) da Polícia Civil do Distrito Federal. A denúncia de Debora deu origem a um procedimento que tramita em sigilo na delegacia. Depois da repercussão do caso, a ativista recebeu o apoio de várias entidades, entre elas a ONU.

Depois da denúncia houve um comedimento, houve um recuo. Eu diria que a violência não é voz mais forte. Na democracia, é preciso ter serenidade para fazer os debates na esfera pública. As eleições vão colocar à prova a nossa capacidade de debate. Este é um caso pragmático para dar um alerta de que a violência não pode ter espaço afirma a pesquisadora.

Ela será um dos 45 expositores da audiência pública convocada pela ministra Rosa Weber, relatora do caso no Supremo, que discutirá a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 ajuizada pelo PSOL. Os expositores foram selecionados e precisaram comprovar que atuavam no tema do aborto para ter a oportunidade de se posicionar aos ministros do STF.

Entendemos que a audiência pública, por estar próximo do período eleitoral, é uma oportunidade de ter um debate muito mais qualificado. Esperamos que a audiência possa contribuir para melhorar o debate afirmou Sinara Gumieri, pesquisadora e advogada no Anis.

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