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Olimpíadas do Zika: a política do medo vem quando a saúde pública já falhou

23 de maio, 2016

[vc_row][vc_column width=”1/3″][/vc_column][vc_column width=”2/3″][vcex_navbar menu=”6″ button_color=”black” font_weight=”” hover_bg=”#c7aae2″][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Olimpíadas do Zika: a política do medo vem quando a saúde pública já falhou, de Sinara Gumieri.
Publicado originalmente por Justificando, em 23 de maio de 2016.

Os jogos olímpicos do Rio de Janeiro parecem ser grandes demais para falhar. Desde fevereiro deste ano, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o vírus Zika e as desordens neurológicas associadas a ele constituíam uma emergência de saúde pública de importância internacional, especialistas em saúde global repetem recomendações públicas de que as Olimpíadas deveriam ser adiadas ou deslocadas para onde o vírus não esteja circulando.

De lá para cá, descobertas científicas agravaram a preocupação: há consenso de que a linhagem brasileira do vírus causa a síndrome congênita do Zika – da qual a microcefalia é apenas um dos sinais possíveis – e provavelmente a síndrome de Guillain-Barré. A fragilidade das iniciativas públicas de controle dos vetores voadores, somada à possibilidade de transmissão sexual do Zika e à alta taxa de incidência de infecções por Zika no Rio de Janeiro fazem com que turistas e atletas olímpicos possam voltar para casa levando na bagagem o Zika que circula no Brasil. São esperados 500 mil viajantes – mas há 38 bilhões de reais de motivos para manter os investimentos nos jogos olímpicos exatamente como estão.

Há 38 bilhões de reais de motivos para manter os investimentos nos jogos olímpicos exatamente como estão.

Compondo os esforços para manter tudo como está, a OMS lançou recomendações para atletas e visitantes dos jogos olímpicos e paraolímpicos: a lista inclui uso de repelentes e roupas claras e compridas, preferência por ambientes com ar-condicionado, sexo com preservativo ou mesmo abstinência sexual durante a estadia e por quatro semanas depois de deixar o Brasil. Mulheres grávidas não devem vir, e, caso seus parceiros venham, ao retornar devem priorizar sexo com camisinha ou abstinência durante toda a gestação. Há ainda a recomendação de não visitar áreas pobres ou aglomerações em cidades endêmicas para o Zika – essa serve para nos lembrar que as pessoas mais afetadas pelo Zika e o público-alvo de megaeventos esportivos são grupos separados pela desigualdade. Parte da estratégia de prevenção parece pouco prática e até contraditória com o espírito olímpico de celebração entre nações: protegido mesmo, só o turista que permanecer no hotel refrigerado, sempre em roupas de inverno e com tão pouco contato humano quanto possível.

Medo e discriminação são as matérias-primas da quarentena olímpica recomendada pela OMS. Não há evidências de que sejam eficazes, mas não são táticas novas. Antes de o debate nacional se esquecer complemente do Zika em meio à crise do impeachment, já sabíamos que a saúde pública tinha falhado com mulheres nordestinas pobres. Sem saneamento básico, acesso a contraceptivos, informação em saúde sexual e reprodutiva e políticas de proteção social, o Ministério da Saúde flertava com a ideia de sugerir às mulheres que temessem e dessem um jeito de não engravidar. Essa parece ser uma lição reforçada pelas Olimpíadas do Zika: a política do medo vem quando a saúde pública já falhou.

Sinara Gumieri é advogada e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética. Este artigo é parte do falatório Vozes da Igualdade, que todas as semanas assume um tema difícil para vídeos e conversas. Para saber mais sobre o tema deste artigo, siga https://www.facebook.com/AnisBioetica.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vcex_social_links social_links=”%5B%7B%22site%22%3A%22youtube%22%2C%22link%22%3A%22https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fchannel%2FUCLEnSx2zVwo3KPpCU5h64_w%22%7D%2C%7B%22site%22%3A%22facebook%22%2C%22link%22%3A%22https%3A%2F%2Fpt-br.facebook.com%2FAnisBioetica%22%7D%2C%7B%22site%22%3A%22twitter%22%2C%22link%22%3A%22https%3A%2F%2Ftwitter.com%2Fanis_bioetica%3Flang%3Dpt%22%7D%5D” style=”minimal-rounded” align=”right” size=”20″ width=”30″ height=”30″][/vc_column][/vc_row]

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