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O ponto onde Bolsonaro e Maduro convergem: zika e opressão às mulheres

5 de maio, 2019

“São líderes populistas que as ignoram pelo silêncio da doença, instituições políticas que não enfrentam as consequências da epidemia”, afirma artigo de Debora Diniz e Giselle Carino

Publicado originalmente no Jornal GGN

A cientista política Giselle Carino (International Planned Parenthood Federation) e a antropóloga Débora Diniz (Instituto Anis) assinam artigo no El País alertando sobre como o assunto zika vírus sumiu do noticiário e das campanhas do governo brasileiro porque deixou de ser considerado uma “epidemia”.

Enquanto, sob Jair Bolsonaro, o silêncio esconde o desamparo às principais vítimas da doença (mulheres pobres), na Venezuela, que também é foco da zika na América Latina, sequer há dados e informações públicas.

“Na Venezuela, simplesmente não há estatísticas públicas sobre os casos de Zika, silenciando violentamente as mulheres”, escreveram. “Zika nos mostra como os dois países abandonam as mulheres e suas necessidades de vida. São líderes populistas que as ignoram pelo silêncio da doença, instituições políticas que não enfrentam as consequências da epidemia, seja por políticas públicas ou garantia de direitos”, afirmaram as autoras.

“O silêncio pode assumir diferentes formas para mover a opressão: se, no Brasil, é pela negligência, na Venezuela é pela violência. A história de Zika é parte da história política da América Latina em que as mulheres estão cada vez mais no centro da onda populista”, acrescentaram.

Segundo as pesquisadoras, somente em 2018 foram 1.657 recém-nascidos notificados como em risco para os efeitos do Zika no Brasil.

“As mulheres são as mesmas do tempo em que a ciência falava em epidemia pelas estatísticas. Elas são pobres, vivem na região mais vulnerável do país e é um povo acostumado a não ter suas dores estampadas nos jornais.”

O artigo lembra que o Supremo Tribunal Federal deve abrir, em 22 de maio, o julgamento de uma ação que pede a despenalização do aborto em caso de zika. No Congresso, uma frente parlamentar “pró-vida” já atua movimentando projetos de lei para tornar o debate no STF inócuo.

“Pouco se fala do risco de transmissão sexual do vírus, os repelentes desapareceram dos serviços de pré-natal. Falar da ação judicial é tocar em temas sensíveis à política bolsonarista, tais como saúde reprodutiva e políticas de assistência social.”

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