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Publicado originalmente por Justificando em 30 de agosto de 2016.
Em 2016, os Jogos Paraolímpicos – que são o maior evento esportivo mundial para pessoas com deficiência – completam 56 anos. Equipes de atletas paraolímpicos brasileiros participam dos Jogos há 40 anos. Esse ano, a delegação nacional é a maior desde o início da competição esportiva: 279 atletas, incluindo 98 mulheres, além de 23 acompanhantes (atletas-guia, calheiros e goleiros) e 195 profissionais técnicos, que competirão em todas as modalidades esportivas dos Jogos, incluindo aquelas que são disputadas exclusivamente por pessoas com deficiência, como bocha, goalball e futebol de cinco.
Entre 07 e 18 de setembro, assistiremos ao resultado de anos de treinamento intenso de atletas paraolímpicos, como Terezinha Guilhermina, a velocista cega mais rápida do mundo, e Shirlene Coelho, a lançadora de dardos que tem paralisia cerebral e vem conquistando medalhas olímpicas desde os Jogos de Pequim, em 2008. Para as equipes de atletas paraolímpicos, o desafio é o dos esportes. Mas para nós espectadoras compromissadas com a igualdade, apenas assistir não é suficiente. Precisamos reconhecer e nomear a opressão enfrentada por atletas paraolímpicas e todas as pessoas com deficiência. Você sabe o que é capacitismo?
Sempre é hora de aprender: capacitismo é a palavra nova usada para descrever a discriminação sofrida por pessoas com deficiência. Falamos muito mais em racismo, sexismo ou homofobia, mas estranhamos pouco nosso silêncio diante das injustiças históricas e da invisibilidade social imposta a corpos com impedimentos. Isso decorre de um poderoso discurso biomédico que cria um ideal de normalidade para os corpos e naturaliza a desigualdade ao se acomodar diante das violações de direitos daqueles que estão fora dele. Mas todos os corpos são interdependentes: ninguém pode crescer, aprender ou exercer a mobilidade sem o apoio de pessoas e de estruturas sociais atentas a nossas necessidades de saúde, educação, transporte. Pessoas com deficiência tem igual direito de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pelo Estado.
Por isso é que a deficiência não é sinônimo de impedimentos corporais físicos, mentais, intelectuais ou sensórias de longo prazo, mas sim produto de sua interação com barreiras que impedem a participação social em condições de igualdade com as demais pessoas. Isso é o que dizem nossos marcos legais nacionais e internacionais, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Das barreiras urbanísticas, arquitetônicas, atitudinais, tecnológicas, de transportes, na comunicação e informação é que emerge a ordem social injusta e desrespeitosa contra os corpos com impedimentos, do qual o capacitismo é fruto.
Os Jogos Paraolímpicos são uma oportunidade importante para que exercitemos nosso vocabulário da igualdade. A organização dos Jogos é um exemplo de barreiras superadas para promover o acesso ao esporte para corpos diversos. Já a recente campanha “Somos todos paralímpicos” da revista de moda Vogue, que usou imagens alteradas por computador de dois atores famosos, ambos sem deficiência, para simular o que não vivem e esconder os reais atletas paraolímpicos só tem um nome: capacitismo.