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Debora Diniz: do que o Brasil precisa e o que farei por isso

30 de agosto, 2018

Publicado originalmente no Nexo

Debora Diniz é antropóloga e professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. É pesquisadora e fundadora da Anis – Instituto de Bioética. Participa dos litígios sobre aborto no Supremo Tribunal Federal. Recebeu o Prêmio Jabuti de melhor livro por ‘Zika: do sertão nordestino à ameaça global’ (Civilização Brasileira, 2016). Seu mais recente livro é ‘Cartas de uma menina presa’ (LetrasLivres, 2018), escrito com uma interna de uma unidade socioeducativa de internação. Este texto é parte de um projeto de breves entrevistas com membros da sociedade civil, que durante a campanha eleitoral vão falar de suas expectativas para o próximo mandato presidencial e apontar suas próprias ações na tentativa de contribuir para o futuro do país.

Do que o Brasil precisa nos próximos quatro anos?

“O Brasil precisa conquistar uma forma laica e pautada nos direitos humanos para fazer política. Ao reconhecer a separação entre Estado e igrejas, não deve mais negociar os direitos de mulheres e outros grupos vulneráveis por interesses políticos. Temas difíceis à moral conservadora, como o aborto, devem ser enfrentados com a seriedade de um Estado democrático de direito, isto é, aquele que não se curva aos dogmas da fé ou aos interesses hegemônicos de homens na política. Para que isso seja realidade, nós precisamos de mais mulheres na política, de mais mulheres em cargos de comando, de mais mulheres feministas em todos os espaços institucionais deste país.”

E o que você vai fazer para isso, para além do voto?

“Eu vou me manter como uma acadêmica engajada. Sou pesquisadora e professora universitária, mas minha ciência é para a transformação social. Me manterei ativa em temas difíceis, como a descriminalização do aborto, resistirei à redução da maioridade penal, lutarei pela proteção à maternidade de mulheres trabalhadoras, como por meio da universalidade de creches públicas. Buscarei a voz escondida em outras mulheres, como em meu livro ‘Cartas de uma menina presa’, em que uma adolescente em unidade socioeducativa descreve sua sobrevivência. Além disso, me manterei ativa como voz que não será silenciada pelo medo, pelas ameaças ou pelo terror. Mais do que nunca serei uma intelectual engajada em defesa da democracia e da paz.”

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