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Aborto: Por que não dar a criança para adoção?

29 de novembro, 2017

por Debora Diniz

Publicado originalmente na Marie Claire

Com pedido negado pela ministra Rosa Weber do STF nesta terça-feira, a estudante Rebeca Mendes e seus dois filhos irão enfrentar consequências profundas em suas vidas

Rebeca, por que não a adoção? Essa foi a pergunta que Rebeca Mendes ouviu desde que escreveu a carta à Ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal. Rebeca é mãe de dois filhos e está grávida. Antes de anunciar sua decisão pelo aborto, listou todas as possibilidades diante da gravidez não planejada. Entre elas, esteve a pergunta infame feita por gente estranha – por que não dar a criança para adoção?

Rebeca tem a resposta, mas não quer dispender energia com desconhecidos. Com a devida licença, escrevo o que ouvi. Rebeca está grávida de poucas semanas, a imagem das células em desenvolvimento é quase transparente no exame de ultrassonografia. Não há criança a ser adotada. Há Rebeca e seus filhos à espera de uma decisão do STF.

Por que essa gente bondosa não corre para as filas de adoção no país? Há milhares de crianças de todas as idades à espera de um pai ou mãe. Para o espírito salvacionista dessa gente, essas crianças são menos importantes que a escolha de Rebeca. Não é sobre o desamparo de crianças que a bondade se movimenta, mas sobre a moral do aborto. É contra a escolha de Rebeca que essa gente pergunta sobre adoção.

A pergunta certa é por que Rebeca pede o direito ao aborto? Novamente, há muitas respostas. Porque é pobre e o dinheiro da casa é contado. Porque esperou os filhos crescerem para estudar. Porque sabe o que é a maternidade. Porque não quer correr risco de vida na clandestinidade. Porque pensa nela e em todas as outras mulheres que se escondem para fazer um aborto. É isso. Rebeca pensa nela, nos filhos, e em todas nós.

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