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domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u180249597/domains/anis.org.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121A criminialização do aborto causou uma matança no Brasil: uma mulher a cada seis horas. Esse sangue está nas mãos do Estado.
por Débora Diniz
Publicado originalmente em AzMina
T emos uma lei de feminicídio que define o crime quando se mata uma mulher pelo simples fato de ser uma mulher. Nos termos da lei penal, um qualificador ao crime genérico do homicídio. O feminicídio é um escândalo: a morte é por ódio às mulheres na casa, nos afetos, nas famílias. Mas há outro escândalo – a matança de mulheres pela ilegalidade do aborto. Dados divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo dizem que 4 mulheres morrem por dia em consequência do aborto clandestino. Das 1.300 mulheres que abortam por dia, segundo dados da Pesquisa Nacional de Aborto, 4 delas podem morrer.
É 1 mulher morta a cada 6 horas.
Essa é outra forma de feminicídio. Não está na lei penal, mas o fundamento é o mesmo – quando se morre porque se é mulher. É a mulher comum que faz aborto. É a mulher comum, com filhos e católica, que se arrisca pelos métodos inseguros para abortar. Além das 4 anônimas por dia que morrem, outras tantas adoecem, sentem medo, entristecem por se sentirem criminosas ou pecadoras. É verdade que se algo de alentador houve em 2016 foi o pedido do Papa Francisco para que o aborto fosse perdoado nas confissões. Isso foi de uma importância tremenda para as mulheres católicas, o principal grupo religioso de mulheres a abortar no Brasil.
Fechamos 2016 com números assombrosos sobre aborto: 1 mulher por minuto aborta no Brasil; meio milhão em 2015. Já são mais de 4 milhões e 700 mil mulheres que abortaram em algum momento da vida no Brasil. Se são mesmo 4 por dia como sugerem os dados oferecidos pelo Ministério da Saúde ao jornal O Estado de S. Paulo, estamos falando de uma matança ainda mais grave que a que movimentou a lei do feminicídio. Só há uma saída para proteger as mulheres do homicídio imposto pela lei penal – descriminalizar o aborto no Brasil.