O artigo propõe uma reflexão sobre os limites do debate entre universalistas e relativistas culturais no qual se tende a desconsiderar as interconexões destas perspectivas, a tê-las como inconciliáveis e/ou a não se atentar para as disparidades de interesses que podem gravitar em torno na defesa de um ou outro posicionamento. Com efeito, confrontos acirrados costumam ocorrer entre aqueles/as que propugnam uma cidadania universal e os/as que defendem o relativismo cultural. Os primeiros ancoram-se em um projeto universalista de construção de uma “cultura mundial dos direitos humanos”, enquanto os segundos apelam para o “espeito às especificidades” de uma ou outra cultura. O autor considera simplificador o raciocínio por meio do qual se propõe uma polarização absoluta entre tais posições. O artigo problematiza posturas reducionistas e regressivas, bem como aquelas fundadas no multiculturalismo liberal-conservador. Defende a laicidade do Estado e vê limites nas estratégias de defesa do direito à diferença calcadas nos ditames do “politicamente correto” e em certas modalidades de judicialização dos conflitos, geralmente acompanhadas de um “reconhecimento pós-moderno”.