Este artigo analisa os métodos, os percursos e as redes de apoio utilizados por adolescentes para o aborto clandestino. O estudo, transversal e descritivo, entrevistou 30 adolescentes internadas após a curetagem uterina por aborto em dois hospitais públicos de Teresina, de junho a novembro de 2011. O consentimento livre e esclarecido foi oral e as entrevistas foram gravadas após a confirmação do aborto induzido. Majoritariamente, as adolescentes tinham entre 14 e 17 anos, eram solteiras, urbanas, moravam com os pais, tinham baixa escolaridade e registravam idade gestacional de 12 semanas. O Cytotec foi usado isoladamente por 28 (94%) adolescentes – de 3 a 6 comprimidos, vaginal e/ou oralmente, que procuraram o hospital após sangramento vaginal e/ou cólicas intensas. Elas compraram o Cytotec sozinhas (43%, 13) ou com ajuda de amigo ou companheiro (40%, 12), em farmácias comuns. O medicamento foi vendido pelo proprietário (45%, 13) ou pelo balconista (55%, 16), que deu as orientações de uso. O apoio para as adolescentes irem ao hospital foi dado pela mãe (40%, 12) ou por amiga (30%, 9). Houve 3 (10%) complicações graves, resultando em internação de até 20 dias. O estudo demonstra a predominância do Cytotec como método abortivo entre adolescentes.