Colin Barnes foi um dos fundadores do modelo social da deficiência (social model of disability), uma guinada teórica e política nos estudos sobre deficiência. De um campo biomédico e centrado nos impedimentos corporais, os estudos sobre deficiência alargaram olhares e perspectivas. Barnes, um sociólogo de inspiração marxista, tem uma autoridade teórica e existencial no campo – é também um cadeirante, o que faz dele um militante de ideias e ações. Sua extensa obra não se encontra traduzida para a língua portuguesa, sendo esta entrevista a primeira aproximação com suas ideias. Por esse caráter inaugural, optamos por explorar vinte e cinco anos de construções e reformulações conceituais de Barnes, sua parceria com Michael Oliver, um dos fundadores do modelo social no Reino Unido, e suas mais recentes críticas à linguagem proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para as políticas públicas sobre deficiência. Barnes foi fundador da editora independente Disability Press, responsável por publicações específicas e pelo lançamento de autores de referência para o campo.1 Atualmente, é professor na Escola de Sociologia e Política Social na Universidade de Leeds, no Reino Unido, um dos centros de referência para os estudos sobre deficiência.