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Publicado originalmente n’O Globo
LONDRES – O uniforme usado pelas aias da série “The Handmaid’s Tale” — manto vermelho escarlate e o chapéu branco — virou um símbolo internacional de protesto pelas questões femininas. Seja em manifestação contrária a um indicado do Supremo Tribunal nos Estados Unidos, seja em apoio aos direitos reprodutivos em vários países do mundo. Aqui mesmo no Brasil já houve protesto assim, para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para decidir pela descriminalização do aborto.
E, se não há dúvida sobre a vestimenta eleita para lutar por direitos das mulheres, não há também dúvida sobre qual o rosto dessa resistência: Elizabeth Moss — ou June “Offred” Osborne, o nome de sua personagem na série.
Em entrevista ao jornal britânico “Independent” publicada neste domingo, dia 21, ela afirma que vê muitas ligações entre o programa de TV e algumas das principais questões políticas e sociais que se desdobram hoje nos EUA e no mundo.
— O fato de (a série) ter entrado na cultura do jeito que entrou é algo incrivelmente incomum — diz Elizabeth. — Eu queria que fosse uma fantasia. Eu queria que fosse “Game of Thrones”, sabe? Que a gente pudesse dizer assim: “Isso é loucura!”. Mas, infelizmente, não é.
Mencionando o presidente do país, Donald Trump, ela até chama de catártica a experiência de atuar em “The Handmaid’s Tale”.
— Eu não sei quantas pessoas têm essa experiência de estar dentro desse figurino com o presidente a poucos quarteirões de distância tomando decisões que afetarão a imigração em massa e a liberdade e os direitos de muitos cidadãos — diz a atriz.
Muitos acontecimentos da série foram baseados em algum antecedente histórico real. O que mostra que a história da Humanidade já permitiu tudo aquilo que hoje enxergamos como “futuro distópico”. Com isso, a autora, a canadense Margaret Atwood, foi capaz de combinar eventos históricos únicos de maneiras plausíveis — e assustadoras.
Elizabeth Moss conta que, ao filmar uma cena para a terceira temporada no Lincoln Memorial, ela olhou para baixo e viu o espaço gravado em homenagem à frase “Eu tenho um sonho”, de Martin Luther King Jr. Ela disse que, imediatamente, vestindo o manto vermelho de sua aia, ajoelhou-se sobre a gravação em pedra.
Ser protagonista dessa história em uma época na qual direitos humanos básicos são questionados é um papel que ela, reconhecidamente, desejaria não ter que assumir. Masa atriz diz que fica honrada pela responsabilidade em uma “circunstância realmente incomum”.
Clique aqui para saber onde assistir a “Handmaid’s Tale” no Brasil.