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Publicado originalmente na Revista Marie Claire
Um conjunto de crianças foram postas frente a uma câmera para repetir as frases de Jair. Houve quem se espantasse e bravejasse “como fazem isso com crianças?”. A inquietação me pareceu errada: a pergunta deveria ser “como podemos imaginar que um candidato à presidência possa ter tido isso e ainda ser um candidato?”. Nossa frágil cultura política que faz broma do político e elege um ator pornô, um menino com cheiro de leite azedo ou um palhaço como deputados federais não pode permitir que banalizemos essas frases. Ouvi-las pela boca de crianças inocentes nos dá a dimensão do horror.
Crianças reproduzem comportamentos dos adultos que os cercam. Se há violência numa casa, os filhos naturalizam práticas abusivas. Assim é com o consumo de drogas, álcool ou os modos de falar. Por isso, importa a banalização do ódio por aquele que ambiciona representar a todos como o presidente de um país. Em cada escola ou centro público de vacinação estará a foto do presidente que diz “preferir um filho morto a um filho gay”, “que fraquejou ao ter uma filha mulher”, ou “que tortura é algo legítimo à vida pública”.
Uma criança pode não entender o que seja homossexualidade ou tortura, mas entende que há fúria naquela voz. Se for negra, sentirá no corpo quem a imagina como um animal avaliado pela capacidade de carga. Se for indígena, temerá pela existência, pois sabe que no projeto de mundo de Jair não há espaço para um índio ser apenas índio. Se for mulher, pensará em como cuidar de seus filhos sem creches ou sobre como resistir à banalização da violência pelas armas.
Se não conquistamos cultura política para discutir propostas e argumentos nestas eleições, uma saída é votarmos com os valores de quem cuida de crianças. Todos fomos filhos e sabemos o que é o cuidado parental para uma criança. Pode ser exagerado ou até mesmo equivocado, mas é repleto de ternura. Busque o candidato que oferece ternura nas propostas – não serão armas que solucionarão a violência, não é o silêncio sobre o sexo o que afastará o fantasma da homossexualidade nas crianças, não é a voz brava que acabará com a corrupção. Se quiser eleger um valor, busque a ternura na hora de votar.