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Anis | Argentinas prometem retornar às eleições com rechaça aos políticos contrários ao aborto

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Argentinas prometem retornar às eleições com rechaça aos políticos contrários ao aborto

9 de agosto, 2018

por Debora Diniz

Publicado originalmente na Marie Claire

Em sua nova coluna desta semana, Debora Diniz fala sobre a força verde das meninas que mobilizaram o debate sobre o aborto na Argentina durante a votação do projeto sobre a descriminalização

Ganharam as meninas. São elas que podem esperar para conquistar o “sim” à lei de legalização do aborto no Argentina. Falou-se em dois milhões de pessoas nas ruas de Buenos Aires – eu só vi meninas. Elas estavam em bando, colorindo-se umas as outras, cantando e rodando ao som de batucadas sobre a vida, a reprodução e a liberdade. Elas anunciavam o dia seguinte que necessita de quem transborda esperança para a mudança. Por isso, as pibas são perigosas.

Foram 34 países de 4 continentes com atos sobre o que acontecia nas 16 horas de debates do Senado Federal da Argentina. O resultado foi inesperado para a história católica e patriarcal do país de Papa Francisco – 31 votos pelo “sim”, 38 votos pelo “não”. As meninas estavam logo ali, do lado direito do Congresso Nacional, anunciando que, em breve, retornarão às eleições nacionais com explícito rechaço aos nomes de cada um daqueles que ignoraram a força verde.

Erra quem conta a história anunciando que houve um fracasso do “sim” e uma vitória do “não”. Essa é uma perspectiva curta sobre quem resistiu ao frio e à chuva, reinventou o lenço da história argentina, e inaugurou a “onda verde” que tomou o Brasil nos dias de audiências públicas do Supremo Tribunal Federal sobre aborto. Nos dois países, foram meninas a ocuparem as ruas e que contarão suas histórias como de vigília pelo “sim”.

Elas agora têm um passado em comum, uma memória do 8 de agosto como o dia verde da história argentina. Agora, se movem mais fortes para o “sim” definitivo, pois aprenderam como fazer política, descobriram-se nas multidões das ruas, criaram o próprio vocabulário de luta. Não são ainda mulheres maduras, mas já em idade resistente ao proselitismo religioso da conversão – são meninas com consciência política que acabaram de descobrir a beleza da resistência. Elas iniciaram a legalização do aborto pelas ruas de Buenos Aires. As pibas escreverão a história.

 

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