Um drone atravessa a fronteira entre a Alemanha e a Polônia, levando medicamentos abortivos para duas mulheres. Em terras polonesas, o medicamento salvará as vidas de mulheres que enfrentam uma gravidez indesejada. Para o Women on Waves — e também para nós da Anis —, aborto é uma questão de política pública e uma necessidade de saúde. Elas pilotam sites, barcos e drones. Nós pilotamos o Vozes da Igualdade para provocar o debate.
O drama da ilegalidade do aborto não é uma exclusividade das polonesas. O mapa sobre as legislações de aborto no mundo do Instituto Guttmacher mostra o cenário tenebroso do acesso ao aborto para as mulheres. No Brasil, a permissão para o aborto também é excepcional: só em casos de risco de morte para a mulher, estupro ou gravidez de feto anencéfalo. O Ministério da Saúde tem normas técnicas sobre o tema e sugere serviços médicos de referência. Se o aborto legal é real nos papéis da política pública, na vida das mulheres a história é outra. É isso que mostra a pesquisa “Serviços de aborto legal no Brasil — um estudo nacional”, realizada pela Anis com financiamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR). As barreiras no acesso ao aborto legal são múltiplas. Quantos drones são necessários para fazer uma política pública de aborto legal funcionar?