O campo dos estudos de gênero era já uma área sólida do conhecimento quando a bioética passou a fazer parte dos cursos de pós-graduação em saúde coletiva no Brasil nos anos 1990. A aproximação da bioética e dos estudos de gênero se deu por dois caminhos. O primeiro pelo reconhecimento de que gênero é uma variável de pesquisa para a compreensão e análise dos conflitos morais em saúde. O segundo caminho se deu pelo diálogo com as teorias de gênero sobre desigualdade, vulnerabilidade, sexualidade, corpo e reprodução. Na verdade, a emergência da bioética internacionalmente coincidiu com a ascensão dos estudos feministas na filosofia, o que fez com que a bioética feminista participasse da gênese do campo como uma perspectiva analítica que se consolidava em outras especialidades.