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Mulheres negras brasileiras têm 46% mais chance de fazer um aborto do que mulheres brancas

Estudo combinou resultados de 3 edições da pesquisa sobre magnitude do aborto no Brasil e identificou que mulheres negras são sempre mais vulneráveis

ANIS - INSTITUTO DE BIOÉTICA

23 de setembro, 2023

O estudo Aborto e Raça no Brasil, 2016 a 2021 compilou os dados das 3 edições da Pesquisa Nacional do Aborto (PNA 2010, 2016 e 2021) para examinar a relação entre raça e chances de se fazer um aborto. Em todas as edições da pesquisa e em todas as combinações possíveis entre as edições, a desigualdade racial se mantém. As mulheres negras são sempre mais vulneráveis ao aborto.

O aborto é um dos principais problemas de saúde pública do Brasil. A estimativa para o período analisado é de que, aos 40 anos, 1 em cada 5 mulheres negras e 1 em cada 7 mulheres brancas terá feito um aborto. A técnica de coleta das 4.241 entrevistas realizadas com mulheres de 18 a 39 anos utiliza um questionário preenchido pela própria entrevistada e depositado em urna lacrada, para evitar qualquer tipo de constrangimento.

Nos resultados combinados entre as edições da pesquisa, há um diferencial racial claro e estatisticamente significante, isto é, a diferença racial não é apenas um acidente dentro das margens de erro. Para cada 10 mulheres brancas que fizerem aborto haverá 15 mulheres negras, aproximadamente. São elas, então, as mais afetadas pelos riscos da criminalização do aborto, visto que outras pesquisas corroboram que mulheres negras enfrentam mais barreiras no acesso aos cuidados pós-aborto, e sofram mais riscos de represálias e óbito.

O estudo Aborto e Raça considera apenas os grupos de mulheres negras (pretas e pardas) e mulheres brancas, pela pequena amostra de mulheres indígenas e amarelas que responderam às edições da PNA. Para obter resultados confiáveis também para esses grupos raciais, seria necessária uma nova coleta de dados, com uma amostragem maior. 

O estudo foi realizado por Debora Diniz, Marcelo Medeiros, Pedro Ferreira de Souza e Emanuelle Góes, e será publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.

Para mais informações ou entrevistas, entre em contato com comunicacao@anis.org.br

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