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Patriarcado e crise política

20 de abril, 2016

Na votação que aprovou a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a multidão de homens brancos que compõem a Câmara dos Deputados mostrou o que move nossa democracia representativa. Em vez de votar sobre a prática de crime de responsabilidade fiscal pela presidenta, deputados votaram pelo desrespeito à laicidade do Estado, pela discriminação a pessoas e famílias fora da heteronorma, pelo autoritarismo saudoso da tortura da ditatura militar. Em meio a tantas afrontas antidemocráticas, não faltou o sexismo da política partidária: estava lá, nos menos de 10% de mulheres deputadas. Estava nas placas pró-impeachment de “Tchau, querida”, que aludiam à presidenta pelo vocativo condescendente usado contra mulheres em espaços de poder. Estava nas vaias à deputada que não foi à votação por estar de licença-maternidade.

Se há dúvidas quanto ao patriarcado que insiste em hostilizar mulheres na política, a grande mídia reforça a mensagem. No dia seguinte ao da votação, uma poderosa revista semanal dedicou manchete de “bela, recatada e “do lar”” a Marcela Temer, companheira de Michel Temer e primeira-dama em potencial. O tom elogioso da matéria contrasta com o dos perfis feitos sobre a presidenta Dilma, descrita como mandona, agressiva e propensa a “surtos de descontrole”, segundo capa recente de outra grande revista. A reação de mulheres em redes sociais veio lembrar que Marcela pode ser o que quiser, mas o patriarcado não determinará quais mulheres são aceitáveis na periferia decorativa dos espaços políticos. A resistência feminista alerta: impeachment não justifica nem nos distrai da misoginia. Com ou sem uma mulher na presidência, participação política igualitária é direito das mulheres.

O problema não é ser bela, recatada e do lar

O problema não é ser bela, recatada e do lar

 

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