A casa dos mortos é uma etnografia fílmica de um manicômio judiciário brasileiro. Este ensaio descreve as etapas iniciais de realização do filme, em particular a fase do trabalho de campo e de elaboração do roteiro. Meu objetivo é mostrar como as propostas iniciais de argumento do filme foram provocadas pelo encontro etnográfico e suspensas pelo poema-testemunho de Bubu, um interno com 13 passagens pelo hospital. O encontro etnográfico é decisivo para a definição do roteiro, que apenas se materializa como um texto sobre as imagens na etapa da montagem do filme. Essa particularidade da narrativa etnográfica traz uma série de desafios burocráticos para a fase de autorizações institucionais para a realização do filme, em particular sobre instituições fechadas e totalitárias como são os hospitais psiquiátricos e os presídios.